segunda-feira, outubro 30, 2006

Jorge Ben / A Tábua de Esmeralda - 1974


















Classic Brazil


(…) O que ele fazia agora era um uso da guitarra elétrica que ao mesmo tempo o aproximava dos blues e rock e revelava melhor a essência do samba tal como ela podia manifestar-se nele. O que estivera latente na fase inicial se explicitava e aprofundava nessa fase de degredo na Jovem Guarda. Sendo carioca, e dos mais arraigadamente característicos, Jorge Ben exilara-se em São Paulo por vários anos. O noivado com a bela paulistana Domingas poderia explicar parte dessa decisão, mas nitidamente havia a motivação do desprestígio em que caíra, no Rio e, portanto, no Brasil em geral. São Paulo era um campo vasto e neutro onde sucessos parciais e setorizados, que não dependiam da adesão nacional, eram possíveis. Mas o que nos atraía eram menos as misturas estilísticas que ocorriam nele do que a atmosfera de alegria física genuína que sua presença no panorama da música brasileira instaurava. Saúde era a palavra que mais nos vinha aos lábios quando falávamos nele. Essa já se tornara e permaneceria uma palavra-chave para nós em julgamentos e apreciações. (…) Saúde era o que exalava da figura, do timbre, das idéias de Jorge Ben. A própria atração pela cena pop norte-americana (e o culto que lhe renderam ingleses criadores do neo-rock dos anos 60) era apenas um dos elementos que, nessa viragem tropicalista, tínhamos deixado de desprezar como "vulgares" para cultuarmos como "saudáveis" (…) Jorge se tornou um símbolo, um mito e um mestre para nós. Gil, que o amara irrestritamente desde o início, tomou seus procedimentos musicais de então como uma das fontes principais de inspiração para suas buscas no violão e nos arranjos; e eu, que desde aquela época repetdas vezes imitei alguma coisa do seu jeito de fazer poesia e de cantar (tendo gravado um bom número de suas canções), uma vez escrevi que, se nós, tropicalistas, tínhamos, em nosso afã de pôr as entranhas do Brasil para for a, efetuado "uma descida aos infernos", "o artista Jorge Ben Jor é o homem que habita o país utópico trans-histórico que temos o dever de construir e que vive em nós".

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Um comentário:

Anônimo disse...

rapidshare says:

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